Imagem acima: cafeigravura

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ao ar livre


Um quilo de roupas
Sufoca os ombros
A respiração em espirais
A vista sortida
O enjôo nasce do umbigo
A garganta prende a alma
Que jorra como magma
Rasga as narinas
E desmancha o chão.

O ar gelado de fora desperta
A redoma de leite azedo pronta
Para inundar a cidade e matar a todos
As mãos como conchas nos ouvidos
Abafam os metais desafinados
Intervalos largos e sem brilho.

O destino na tampa de bueiro
Digitais coladas na superfície
Mais fria e menos dura que o ar
Lá embaixo o eco de cima
O silêncio das teias de aranha
Da boca de um cano derretido
Pinga a alma numa poça calma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário