Imagem acima: cafeigravura

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Tau sigma lambda teta
Digama 
alfa capa rô zeta
Tome um chá
de chega-pra-lá

com bolacha.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A testa arde
é inverno
choram velas amanhã.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Onze em campo

Se correr os bichos EUA
Se ficar os pinochet come
Allende tudo que soy
se desmancha no ar.

sábado, 7 de setembro de 2013

Chovem teclas
na festa amanhã
velas choram
as mãos fechadas
na garganta
seca desde ontem.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dois em dois

Da aparência
não tomo ciência
pois não sendo
só parecendo
morre cedo
sem deixar cheiro.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Assumpção

Faz-se a luz
face à cruz
de todos os prantos.

sábado, 22 de setembro de 2012


A nuvem passeia
entre as orelhas
cheia de ar
quem dera eu
cheio de ar
passear com ela
longe dos olhares
onde não há horizonte
onde você se esconde.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Da produção


Esse teu choro feito de soro
vendido a metro em mercado
resseca a pele mas protege o dolo

teu sorriso amarelo de fígado
joga tonta a confiança no chão
fere a ferrugem o coração

em sua obsolescência programada.

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Haicai balão
aqui na minha mão
pulsam rios e vales.

O risco de amar sendo amado

a soberba sobe à cabeça
corta o coração que se agita
como rabo de lagartixa
e queda agonizante na mão


em pouco tempo cresce outro
outro para outro.

domingo, 20 de maio de 2012

Dos conflitos


O conflito entre razão e sentimento
antes de realizar-se em Gaza
explode em casa mesmo.

A infâmia da epifania
é confeitar a agonia
com maravilhas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Alentejo


No azulejo
mais vale
o tom do Tejo.

sábado, 10 de março de 2012

Citaria



Tomar vinho sem alegria
diria Bradbury
é comer frango sem curry.










(Não é alegria
mas dente-de-leão
vejam só
o poder da tradução)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Versão



Carcomido penso
se no que lido
esqueço lento
ou lembro tido
como lamento
de ter mentido
feito remendo
no que foi dito.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Arredia


Ali
entre a sombra
e a primeira estrela
o canto de um sorriso
é cantado por sininhos
mil beijinhos nos ouvidos.

Ano novo


Passado dilatado ergue
o futuro sobre ombros
e o presente sempre morto
no meio do raciocínio
vítima de assassínio.

sábado, 29 de outubro de 2011

Lagarta (poema alterado)



Largada num quadro de ardósia
beija sôfrega de ambrosia
a superfície fria da farsa
mais pesada que folha, que asa.

Larga-se tempo, seu tato lento
sem ar sem pétalas e sem vento
em latência, mas completa na arte
de contemplar o belo que arde.

sábado, 22 de outubro de 2011

Ipê

De pé
em pé
Ipê
dá pé?

Niterói

Deitem os prédios
empilhem todos
até formar outro
imenso, recheado
de gente a gritar
  “Tem gente!”

sábado, 17 de setembro de 2011

maio


O corpo todo sangra
sangue cor de âmbar
onde o dedo singra
a angra em contorno
sem retornar ao sol
soturno de outono.

domingo, 11 de setembro de 2011

Sede

Um brinde à lua
tinindo no céu
sua luz aguada
tremeluz no sal
e piscam olhos de cal.

Agosto II

Outro agosto
novo hiato
a contragosto.

Trinta sóis
pó de talco
entre o palco
e a ribalta.

sábado, 2 de julho de 2011

Enos e Cântaros

Sirva teu afeto em postas
exalando névoa fria
a carne dura das costas
tem a cor cobre do dia.

A narina esquerda mente
Deite teu desprezo quente
vinagre bastardo vinho
em taça feita de ninho.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

mar


O sal do mar carece
do veio amargo que desce
as ondas de teu rosto
há muito crispado e roto
por ainda amar morto.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tomate


Toma uma palavra segura
e repita em pitadas generosas
tomate tomate tomate tomate
e toma-te uma rasteira curiosa.

Ditado



Quantos amores ditos
nas sombras de luares
ecoaram indecisos
entre olhares e precipícios
e por fim sumiram
no momento oportuno.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carpas e diamantes


Paciência antes de casar, Sarah,
pois cabem muitos tapas nessa cara
ingênua que se alimenta de angústia
e causa tanto espanto quanto fúria.

As tuas núpcias podem esperar
a mais amena estação, quando chovem
carpas e diamantes e não há jovem
que não ouça o lamento do mar.