Num dos milhares de rostos
Esculpidos na Notre-Dame
Vejo o meu, cuspido escarrado.
Ao anoitecer indeciso sobre o cume
A igreja tem as cores alteradas
E suas sombras trocam de lugar.
Da fachada ecoam sussurros
Suspiros em brisas pela praça
Um silvo corta o céu negro.
As gárgulas sorriem sob a noite
O branco reluzente das presas
O sorriso de raiva e fome.
Ouço o concreto se partindo
Algo se desprende e despenca
Absurda ausência se revela.
A queda emenda num vôo ligeiro
Sob sereno, inevitável o encontro.
Como será o hálito de uma gárgula?