Imagem acima: cafeigravura

sábado, 30 de outubro de 2010

Depois de amanhã


Range a pele contra o crânio
Esturricado, os poros inflamados
Ásperos ao passar as mãos
E apertar os olhos perto
De ontem pousado no canto
Sem saber se vive vida
Imóvel, as cores vivas
E logo estica os cabelos
Aprisionados entre dedos
Ágeis que batem cotovelos
Furados por pregos velhos
E pernas pra que te tenho
Amarradas a mil dúvidas
De asas desastradas
Atiradas à luz da lembrança
E com a sabedoria do defunto
Inundar-te de flores
Que dizem mais que a gente diz.

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