Imagem acima: cafeigravura

sábado, 19 de março de 2011

O mar vai virar baião


O som que o mar não aprende
Nem do canavial
Nem no carnaval.

Não canta como arroz
Despejado em refogado
A bronca do trovão
Engana-se no tom
Demasiado raivoso.

Os pulsos tímidos
Dedos vacilantes
Mentes sincopadas
São incapazes de imitar
O ritmado
Lânguido e violento
Do mar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Indicações


Vergonha latejante
Olhar atravessado
Amor lancinante
Humor invocado
A espinha e seu cume ostensório
Tudo passa com antiinflamatório.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Herzog


Sirva de exemplo
O corpo não é templo
Nem banco nem santo
É documento
Breve discurso
Indecifrável ao urso.

Haicai livre (XXIV)


Barba e unhas grandes
A loquacidade
Do hálito de tabaco.

terça-feira, 1 de março de 2011

Pergaminho do mar roto


Hora deitada
Em berço plástico
Ninada com papo
Furado à tardinha.

Da maçã à areia
Gotas mais lentas
Que estalactites
Escorrem pros lábios
Jocosos jogados
Aos mares de sertralina.